Bebê Reborn é o assunto de hoje. E aí, meninas! Quero bater um papo sincero com vocês sobre um assunto que tem crescido muito no Brasil: os bebês reborn. Sabe aquelas bonecas hiper-realistas que parecem mesmo um recém-nascido de verdade? Pois é, tenho visto cada vez mais mulheres se apaixonando por esses bebês, dando nome, comprando roupinhas, montando quartinho e tudo mais.
Quero deixar claro logo de cara: não estou aqui pra julgar ninguém! Sei que por trás desse amor pelo bebê reborn geralmente existe uma história de dor, perda ou um medo profundo de maternar. Como mulheres, precisamos nos acolher. Mas também precisamos conversar sobre os prós e contras dessa relação tão intensa que algumas de nós criam com essas bonecas tão especiais.
Por que tantas mulheres estão apegadas aos bebês reborn?
Cada uma que desenvolve um relacionamento com seu bebê reborn tem suas próprias razões, e todas elas são válidas e profundas. Não é “loucura” nem “frescura” como algumas pessoas maldosas podem dizer. É uma forma de lidar com sentimentos muito reais e dolorosos. Entre as situações mais comuns, encontramos:
Luto materno ou trauma da perda
Quando perdemos um bebê, seja durante a gestação ou após o nascimento, a dor é simplesmente devastadora. Ninguém está preparada para enterrar um filho, muito menos um bebezinho. O bebê reborn acaba funcionando como um consolo emocional. O simples ato de segurar no colo, trocar a roupinha ou ninar a boneca pode ajudar a expressar toda aquela tristeza represada e dar uma direção para o amor materno que ficou sem destino.
“Depois que perdi minha filha no sexto mês de gestação, o bebê reborn foi o que me ajudou a não enlouquecer de dor. Sei que ela não é real, mas poder segurar algo parecido com o que imaginei que minha filha seria trouxe um pouco de paz,“ me contou uma amiga que passou por essa situação.
Impossibilidade de ter filhos
Muitas mulheres sonham com a maternidade, mas por diversos motivos – infertilidade, problemas de saúde, falta de parceiro ou idade avançada – não conseguem realizar esse sonho. Um bebê reborn pode preencher um pouquinho desse vazio.
É uma válvula de escape para todo aquele instinto maternal que não encontrou onde se realizar plenamente. Num mundo onde tantas vezes nos sentimos sozinhas, essa bonequinha acaba virando uma companhia, algo para cuidar e proteger.
Medo de ser mãe (tokofobia)
Acredite se quiser, mas muitas mulheres desejam ser mães e ao mesmo tempo têm pavor da ideia! É o que chamamos de tokofobia – o medo extremo da gravidez ou do parto. Para essas mulheres, o bebê reborn permite “brincar de ser mãe” sem as responsabilidades e medos que um bebê real traz.
Sem risco de gravidez, sem dor do parto, sem noites sem dormir, sem preocupação com saúde ou educação… é uma forma segura de maternar sem os aspectos assustadores que a maternidade real pode ter.
Carência e controle
Vamos ser sinceras: relacionamentos humanos são complicados! Um bebê reborn é previsível, não contraria, não tem vontades próprias, não faz birra, não cresce e muda. Para mulheres que passaram por traumas em relacionamentos ou que têm dificuldade em lidar com rejeição, a boneca oferece um amor “seguro” e controlável.
É uma forma de ter um vínculo afetivo sem o risco de ser magoada ou decepcionada. A mulher controla completamente a relação, o que traz um alívio temporário para quem já sofreu muito em relações reais.
Tendência das redes sociais
Não dá pra negar que os bebês reborn viraram febre nas redes! Tem influencer famosa mostrando seu “bebê”, tem grupo no Facebook, tem challenge no TikTok. Para algumas mulheres, entrar nessa onda é uma forma de pertencer a um grupo, de fazer parte de uma comunidade online e ganhar validação.
Compartilhar a “rotina da maternidade” rende visualizações, comentários e um senso de identidade que talvez falte na vida real.
Quando o amor pelo bebê reborn pode se tornar prejudicial?
Olha, ter um bebê reborn não tem nada de errado. Muitas colecionadoras têm uma relação super saudável com suas bonecas – é um hobby, uma admiração pela arte dos artesãos que fazem essas peças incrivelmente realistas. O problema surge quando a relação com o bebê reborn começa a substituir as relações reais e se transformar em uma fuga da realidade.
Vamos conversar sobre alguns riscos que percebi ao pesquisar e conversar com especialistas:
Escapismo e dependência emocional
Quando a gente usa o bebê reborn para fugir das dificuldades da vida real, estamos apenas empurrando os problemas para debaixo do tapete. É como tomar um remédio pra dor sem tratar a causa – alivia na hora, mas o problema continua lá.
Com o tempo, pode surgir uma dependência dessa fantasia. A pessoa se sente ansiosa longe da boneca, precisa levar para todos os lugares, fica incomodada se alguém “desrespeita” o bebê reborn… isso são sinais de que o apego ultrapassou o saudável.
Isolamento social
“Desde que comecei a cuidar da minha Sophia [bebê reborn], minhas amigas foram se afastando. Elas ficam constrangidas quando levo a bebê para os encontros. Acabei deixando de sair e prefiro ficar em casa com ela“, me contou uma leitora em um depoimento anônimo.
Esse relato ilustra bem como o apego excessivo ao bebê reborn pode levar ao isolamento. Aos poucos, a pessoa prefere ficar no seu mundinho com a boneca a enfrentar o estranhamento das pessoas ou situações sociais reais.
Estagnação do processo de cura
Se você está usando o bebê reborn para lidar com um luto, uma perda ou uma frustração, é importante perceber se ele está te ajudando a caminhar através da dor ou apenas congelando você nesse sentimento.
Psicólogos alertam que, em casos de luto, o bebê reborn pode servir como uma “pausa” no processo, impedindo que a pessoa passe por todas as fases necessárias para a aceitação e reconstrução. É como se a boneca mantivesse a ferida aberta, impedindo a cicatrização emocional completa.
Impacto nos relacionamentos reais
“Meu marido não entende minha relação com minha bebê reborn. Ele diz que é doentio e que preciso de ajuda. Já tivemos várias brigas por causa disso.” – Este é outro relato que recebi e que mostra como o bebê reborn pode se tornar motivo de conflitos nos relacionamentos.
Parceiros, familiares e amigos podem se sentir confusos ou até preteridos pela atenção dada à boneca. Isso pode criar um abismo de comunicação e afastar as pessoas que realmente se importam com você.
Um bebê de verdade é uma experiência única
Por mais perfeito e lindo que seja seu bebê reborn, existe uma verdade que não podemos ignorar: ele jamais substituirá um bebê humano real. E não estou falando só das dificuldades da maternidade real (que são muitas!), mas principalmente das recompensas emocionais verdadeiras que só um ser vivo pode proporcionar.
Um filho real cresce, desenvolve personalidade, interage, retribui amor genuinamente. Ele vai olhar nos seus olhos, vai sorrir especialmente para você, vai te chamar de mamãe com uma vozinha que vai derreter seu coração. Vai ter preferências, gostos, opiniões. Vai te surpreender todos os dias com algo novo.
O bebê reborn, por mais perfeito que seja, permanece um objeto inerte. E no fundo, sabemos disso. Por isso muitas mulheres relatam que, mesmo com todo o amor pela boneca, ainda sentem um vazio que não conseguem explicar.
Como superar o apego excessivo ao bebê reborn
Se você sente que sua relação com seu bebê reborn está se tornando problemática ou impedindo você de viver plenamente, aqui vão algumas dicas que podem ajudar:
1. Reconheça seus sentimentos sem julgamento
Primeiro, entenda que não há nada de errado em ter se apegado ao seu bebê reborn. Você fez isso porque precisava, porque era o que te mantinha funcionando em um momento difícil. Acolha esse sentimento com carinho, sem vergonha ou culpa.
2. Busque apoio profissional
Não hesite em procurar um psicólogo que possa te ajudar a entender melhor esse vínculo e a trabalhar as questões emocionais por trás dele. Existem profissionais especializados em luto materno, tokofobia e traumas emocionais que podem oferecer técnicas específicas para sua situação.
“A terapia me ajudou a entender que meu bebê reborn era uma forma de elaborar o luto pelo filho que perdi. Com o tempo, consegui transformar esse amor em algo positivo, sem precisar fingir que a boneca era real“, contou-me uma mãe que buscou ajuda.
3. Abra-se com pessoas de confiança
Converse abertamente com pessoas próximas sobre o que sente. Explique por que o bebê reborn é importante para você, mas também expresse seu desejo de encontrar um equilíbrio mais saudável. Muitas vezes, as pessoas ao nosso redor querem ajudar, mas não sabem como.
4. Busque grupos de apoio
Se você está lidando com luto materno, infertilidade ou medo da maternidade, existem grupos de apoio específicos onde você pode compartilhar experiências e encontrar pessoas que entendem exatamente o que você está passando. Essa sensação de “não estou sozinha” é extremamente poderosa no processo de cura.
5. Retome atividades prazerosas
Aos poucos, volte a se envolver em atividades que antes te davam prazer. Um curso novo, uma caminhada no parque, um encontro com amigas… qualquer coisa que te reconecte com o mundo real e com você mesma.
6. Ressignifique sua relação com o bebê reborn
Em vez de ver a boneca como um “filho”, tente encará-la como uma companheira temporária que te ajudou em um momento difícil. Agradeça pelo conforto que ela trouxe, mas reconheça que agora é hora de evoluir. Isso não significa jogar a boneca fora, mas talvez transformá-la em um símbolo da sua força e superação.
Quando o bebê reborn se torna parte da cultura das redes sociais
É inegável que estamos vivendo um boom dos bebês reborn nas redes sociais. São milhares de vídeos, fotos e relatos compartilhados diariamente. E isso revela algo interessante sobre nossos tempos: a busca por conexões afetivas em um mundo cada vez mais digital e individualista.
Por um lado, essa comunidade online pode trazer benefícios: pessoas com interesses semelhantes se conectam, trocam experiências e se sentem menos sozinhas. Por outro lado, pode normalizar em excesso comportamentos que, em alguns casos, precisariam de atenção especializada.
Como sempre, o equilíbrio é fundamental. Se você ama seu bebê reborn e compartilha essa paixão online, pergunte-se sempre: isso está me aproximando ou me afastando de relações humanas reais? Estou usando a boneca para complementar minha vida ou para substituir partes importantes dela?
Uma mensagem final de esperança
Quero terminar nosso papo deixando uma mensagem bem clara: seja qual for sua história ou sua relação atual com seu bebê reborn, saiba que você não está sozinha e que sempre existe um caminho para uma vida emocional plena e equilibrada.
Se o bebê reborn foi seu porto seguro em um momento de tempestade, que bom que ele existiu para você! Mas lembre-se que você merece e pode ter relacionamentos reais gratificantes, com todas as imperfeições e alegrias que só a vida verdadeira proporciona.
Sua capacidade de amar é imensa – tão grande que transbordou até para uma boneca. Imagine quanto amor você pode dar e receber em relações humanas autênticas!
E se hoje você está lutando para encontrar esse equilíbrio, saiba que está tudo bem. Vá no seu ritmo, com gentileza consigo mesma. Cada pequeno passo na direção de uma vida mais conectada com a realidade já é uma grande vitória.
Este artigo foi escrito com muito carinho e sem julgamentos. Se você se identificou com algum dos pontos mencionados e sente que precisa conversar mais sobre isso, considere buscar ajuda profissional. Lembre-se: cuidar da sua saúde mental é um ato de amor próprio!